Setembro Amarelo e a prevenção do suicídio

Setembro Amarelo e a prevenção do suicídio

O mês de setembro foi “pintado de amarelo” para conscientizar a população sobre a prevenção do suicídio em uma grande campanha nacional. O movimento foi criado em 2015 no mês que abrange o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio: 10 de setembro.

O objetivo é dar visibilidade à causa. Por isso instituições de educação, setor público e privado e a população se engajam na disseminação de informação e de medidas de prevenção.

O suicídio é um problema de saúde pública, pois afeta toda a sociedade. Na criação da campanha o Ministério da Saúde destacava um aumento do comportamento suicida principalmente entre jovens de 15 a 25 anos.

“Era tão jovem e se suicidou”

Frases como esta são usadas em situações de suicídio. Porém, é importante saber que não há característica preferencial para o comportamento suicida, que pode aparecer em jovens e pessoas mais velhas, de diferentes classes sociais e condições, solitários ou não. As razões para o suicídio nem sempre são claras.

Um estudo da Unicamp de 2018 verificou que 17% dos brasileiros já pensaram seriamente em tirar a própria vida, dos quais 4,8% elaboraram um procedimento para tal.

Os dados são impressionantes aqui no Brasil, onde aproximadamente 32 pessoas tiram a própria vida por dia. Os dados são de 2019, do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma das instituições que encabeçaram a criação do Setembro Amarelo.

Temos um suicídio a cada 40 segundos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número pode ser maior, pois há óbitos que não são contabilizados como suicídios. A boa notícia é que o suicídio pode ser prevenido em mais de 90% dos casos.

“Tem algo que eu possa fazer para te ajudar? ” Esta pergunta pode salvar uma vida, pois demonstra apoio e empatia .

Veja outras reflexões que podem ajudar em caso de observação de comportamento suicida.

Falar sobre o assunto…

O suicídio é um tabu e vem acompanhado por desinformação, preconceito, medo e julgamento. Apesar do movimento de conscientização, é muito difícil para os familiares e amigos admitirem o comportamento suicida em uma pessoa amada e falarem sobre isso.

…mas de forma responsável

É necessário preparo para falar com o potencial suicida. Por isso é importante recorrer a profissionais ou se informar em fontes confiáveis e especializadas.

Dificultar o acesso aos meios de se matar

A OMS recomenda restrições de acesso a pesticidas, medicamentos e objetos pontiagudos. Outra fonte de preocupação de especialistas é o acesso às armas de fogo. Ao observar comportamento suicida em algum familiar é altamente recomendável não deixar a pessoa sozinha, principalmente em andares mais altos.

Ficar atento às pessoas que estão passando por problemas sérios

Muitas pessoas tiram a própria vida por impulso quando estão em situações para as quais não veem saída como: graves problemas financeiros, divórcios, luto, dores ou doenças, desastres e outras experiências violentas/ traumatizantes. Se você tem algum familiar ou amigo nestas situações, é fundamental dedicar atenção e apoio.

Identificar os sinais do potencial suicida

Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais como depressão, bipolaridade e o abuso de substâncias entorpecentes (álcool, drogas e remédios).

A pessoa que se enquadra em alguns destes casos deve contar com acolhimento e atendimento especializado. Jamais devem se sentir julgadas ou rebaixadas por sua condição, o que agravaria a tendência suicida, caso exista.

Grupos suscetíveis à discriminação e violência apresentam taxas mais elevadas de suicídio como refugiados, presidiários, homossexuais e transgêneros. O acompanhamento psicológico é fundamental para pessoas que passam por situações discriminatórias.

“As pessoas serão mais felizes sem mim”

Pensamentos como este rondam a cabeça de quem pensa em suicidar-se. Veja outras frases e sentimentos que podem aparecer quando a pessoa pensa em suicídio:

  • Seria melhor que eu morresse (sentimento de atrapalhar)
  • Sou inútil e nada dá certo para mim (sentimento de impotência em melhorar a própria vida)
  • Eu não aguento mais (incapacidade em superar a própria dor ou de viver a própria realidade)
  • Eu vou desaparecer (vontade de se afastar do julgamento das pessoas)

Suicídio, pandemia e tempos de crise

As medidas de prevenção à COVID-19 mudaram a rotina das famílias. O isolamento social, brando ou não, impactou pessoas de todas as idades e classes sociais. Adolescentes, crianças e idosos são apontados como o público que mais sente o distanciamento social. Os adultos saudáveis precisam ter suas rotinas de trabalho e saem para fazer compras e resolver outros assuntos do lar. Enquanto isso, os filhos e avós são deixados em casa para serem protegidos.

E esta era mesmo a orientação no início da pandemia. Porém, com o prolongamento da crise, tais medidas devem ser consideradas segundo a saúde mental das pessoas. Talvez seja interessante que o idoso possa ver os familiares e que as crianças possam dar uma volta na rua, respeitando às regras locais e medidas de proteção.

A observação próxima daqueles que estão com a saúde mental em alta e o acolhimento nos momentos de insegurança, solidão e tédio excessivo são importantes para amenizar os impactos.

Canais de apoio em situações de risco de suicídio

Ligue 188
O Centro de Valorização da Vida disponibiliza este canal por 24 horas.
Há também opções via chat e site: CVV (Centro de Valorização da Vida).

O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo.

Outras opções para acolhimento:

  • CAPS
  • Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde);
  • UPA 24H, SAMU 192, Hospitais

Outros sites com informações e canais de atendimento:

Barbara Valsezia