Abril Azul e a conscientização sobre o autismo

Abril Azul e a conscientização sobre o autismo

O autismo é um transtorno neurológico que ainda encontra lacunas de informação na sociedade. As pessoas diagnosticadas com este distúrbio e suas famílias enfrentam muita desinformação e preconceito. Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, 2 de abril. No Brasil, o mês que inclui a data ficou marcado como Abril Azul, um período de visibilidade para o tema.

O distúrbio do neurodesenvolvimento chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é caracterizado por limitações na interação e na comunicação social, além de alguns padrões comportamentais repetitivos. O autismo possui diversos tipos, graus de comprometimento e condições, daí o surgimento de tanta dúvida a respeito do tema.

O transtorno do autismo ocorre em uma a cada 160 crianças nas Américas, diz estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) (2017).

Respectro

No Brasil, a campanha pela conscientização do autismo está correndo desde 2020 com o uso da hashtag #respectro nas redes sociais. A palavra é uma mistura de respeito e espectro (o espectro do autismo). O que se quer é “Respeito para todo o espectro”.

Alguns avanços na legislação já ocorreram em alguns Estados brasileiros, como determinações legais que garantem direitos aos pacientes autistas, por exemplo, acessos diferenciados a medicamentos e tratamentos. Porém ainda são necessárias leis que garantam inclusão adequada no sistema educacional e socialização, entre outras ações.

Características do autismo

O termo Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) engloba diversos graus de comprometimento do neurodesenvolvimento e em várias áreas de conhecimento. Ou seja, não existe apenas um tipo de autista com características únicas.

O autismo se apresenta em diversos subtipos e conjuntos de condições. Há pessoas que acumulam outras comorbidades associadas, como epilepsia e deficiência intelectual. Ao mesmo tempo, há pessoas com autismo que conseguem viver vidas normais, tendo até mesmo dificuldades no diagnóstico, tão brandos os sintomas. Há quem nunca receba o diagnóstico, inclusive.

Entre os pacientes que precisam de cuidados especiais, há os que não conseguem desempenhar tarefas cotidianas importantes para a sobrevivência e qualidade de vida, como preparar um lanche ou cuidar da higiene pessoal sozinhos. Outros podem estar aptos a realizar tarefas em casa, porém não conseguem se incluir no mercado de trabalho para gerar a própria renda.

Diagnóstico do autismo

Quanto antes for diagnosticado, mais condição a família terá de realizar um bom tratamento e os estímulos necessários para o desenvolvimento da criança ou jovem.

O tratamento passa por administração de remédios para controle de sintomas e surtos, acompanhamento de outras comorbidades e abordagens complementares que irão estimular o desenvolvimento neurológico e possibilitar ao paciente, a realização de mais tarefas, por exemplo: psicoterapia, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional.

É igualmente importante a atenção em relação à vida escolar e verificação do preparo da instituição de ensino ao lidar com o autista. Infelizmente, no Brasil, o sistema educacional ainda não está suficientemente maduro de forma que qualquer escola possa lidar bem com a questão da inclusão nestes casos. A boa notícia é que já podemos ver alguns avanços e muitas cidades contam com instituições de apoio à aprendizagem como Ongs.

Além disso, o autista com uma família e amigos próximos bem informados certamente viverá em melhores condições e terá mais apoio.

Em que casos pode-se suspeitar de autismo e buscar o diagnóstico?

A literatura médica (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) diz que é importante buscar o diagnóstico quando há pelo menos três déficits na comunicação social e dois no comportamento repetitivo e restrito. Este segundo fator é caracterizado por comportamentos como: bater os pés repetidamente, balançar o corpo, girar objetos, emitir sons repetitivos, entre outros. Estes movimentos são realizados insistentemente pelo autista em busca de aliviar o estresse.

Os sinais de autismo podem ser percebidos desde o nascimento, porém o diagnóstico só pode ser feito a partir dos três anos de idade. Antes disso, são levantadas suspeitas quando o bebê não chora ou demonstra alguma apatia, por exemplo, não abanar as mãos.

Os sinais podem ser notados mais claramente quando há mais demanda por interação social, ou seja, a partir de um ano. É preciso ter atenção à criança que não se interessa por brincadeiras e socialização ou quando há atraso excessivo no início da fala. Ainda há crianças autistas que começam a falar, mas retrocedem depois de certa idade.

Conte com profissionais preparados e instituições especializadas

Pais, mães e outros familiares de pessoas com autismo ou com suspeitas devem manter a calma e se informar com profissionais especializados, além de contar com serviços de apoio sempre que possível. Não há motivo para medo ou vergonha da condição do autismo, visto que o transtorno é uma característica da pessoa como tantas outras. Com carinho, atenção, boa informação e apoio profissional, a família conseguirá prover ao autista uma ótima qualidade de vida e a possibilidade de uma vida feliz.

Barbara Valsezia