Dia Nacional do Combate ao Câncer: os avanços até agora e os desafios
Hoje, 27 de novembro, é o Dia Nacional de Combate ao Câncer. A data foi definida pelo Ministério da Saúde em 1988 com o objetivo de alertar a população sobre os riscos da doença e principalmente, conscientizar para a prevenção.
A data também nos lembra de celebrar os avanços na medicina, com diagnósticos cada vez mais precoces e tratamentos mais eficientes. Mas o desafio ainda é grande.
Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente o câncer é a segunda doença que mais mata em todo o mundo. Foram 7,6 milhões de pessoas em 2019, sendo que 4 milhões estavam em idades entre 30 e 69 anos.
Apesar do crescente aumento nos números de casos, houve uma redução geral na mortalidade por câncer. A American Cancer Society (ACS) publicou uma queda de 2,2%, a maior já registrada neste índice. Até 1991 os registros de mortalidade por câncer vinham aumentando até começarem a reduzir. Desde então a taxa caiu em 29%.
O diagnóstico precoce é fator fundamental para a efetividade do tratamento. Com os avanços da medicina e aumento da conscientização da população, a identificação da doença é realizada cada vez mais cedo. Este fator somado aos progressos nos tratamentos melhorou os índices de cura.
A prevenção também ganhou avanços com estudos mais aprofundados e novas descobertas. Estima-se que hoje de 30 a 50% dos cânceres podem ser prevenidos segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Atualmente o desafio da medicina é aumentar ainda mais a porcentagem de cura e evitar que o paciente em tratamento tenha sua qualidade de vida comprometida pelas reações aos medicamentos. Também é papel do Estado, da comunidade médica, da academia e da população em geral, melhorar o nível de informação e de conscientização sobre o tema.
Para os próximos anos a projeção é o surgimento de 12,4 milhões de novos casos por ano, o que faria com que esta passasse a ser a doença mais letal nos próximos 25 anos.
Câncer: doença ou grupo de doenças?
Quando falamos de câncer nos referimos a uma doença quando, na verdade este termo é referente a um grupo de doenças. São mais de 200 doenças que possuem algo em comum: as mutações causadas por alterações da estrutura genética (DNA) das células. Essa alteração provoca o crescimento desordenado de células que invadem órgãos e tecidos, podendo se espalhar para outras regiões do corpo.
Em condições normais, cada célula sadia possui instruções de como deve crescer e se dividir durante o seu período de funcionamento e morte. A presença de qualquer erro pode resultar no surgimento de uma célula alterada que pode se tornar cancerosa.
A razão para o surgimento do câncer não tem uma causa única. Há causas externas explicadas por fatores presentes no ambiente capazes de alterar a estrutura genética das células e internas, por exemplo, condições imunológicas, hormônios e mutações genéticas. A reação a estes fatores pode apresentar diversas formas, dando início ao surgimento da doença.
Também não há evidências científicas sobre quantas mutações são necessárias para formar um câncer. É provável que este índice varie entre os tipos da patologia.
Entre os fatores de risco estão:
- Idade (grande parte dos diagnósticos é em pessoas com 65 anos ou mais);
- Hábitos e estilo de vida (tabagismo, consumo excessivo de álcool, exposição inadequada ao sol com queimaduras frequentes, obesidade e relações sexuais desprotegidas);
- Histórico familiar;
- Condições de saúde (presença de HPV, hepatite B e problemas crônicos, como a colite ulcerativa);
- Fatores ambientais (substâncias químicas nocivas, fumo passivo e poluição excessiva).
Principais avanços no tratamento
Hoje estima-se que cerca de metade dos pacientes com câncer nos países desenvolvidos são curados. Nos países em desenvolvimento como, o Brasil, as taxas de cura são menores devido à qualidade no diagnóstico (ainda com média tardia) e no tratamento (dados divulgados pelo Instituto Oncoguia).
Boa parte dos tratamentos bem-sucedidos se dá pela detecção precoce do câncer. O conhecimento da doença nas fases mais iniciais permite que o médico faça um diagnóstico antes que ela se agrave, conseguindo elaborar um tratamento mais eficiente e menos invasivo.
Associado à quimioterapia tradicional, o tratamento do câncer é multidisciplinar e envolve diversas áreas da medicina. Dessa forma o planejamento de cuidados com o paciente é pensado em diversas esferas, até mesmo em sua reintegração social.
Outro fator determinante para a eficiência nos tratamentos são os aparelhos médicos mais modernos e com feixe radioativo menor, o que permite direcioná-lo apenas aos tumores, poupando as células vizinhas dos efeitos da radiação.
Mas o que mais tem contribuído para o aumento no índice de cura é a conscientização para o diagnóstico precoce e o comprometimento com hábitos de vida mais saudáveis.
Prevenção do câncer e vida saudável
Não há fórmula exata capaz de evitar o desenvolvimento do câncer. Portanto a adoção de hábitos saudáveis de maneira geral segue sendo o melhor caminho para evitar não apenas o aparecimento de tumores, mas também outros problemas crônicos e tão ou mais mortais do que o câncer.
Confira algumas recomendações “de ouro” do Instituto Nacional do Câncer (INCA):
- Controle a gordura corporal e tente manter o peso ideal para sua altura;
- Mantenha-se fisicamente ativo. Realize pelo menos 30 minutos de atividades todos os dias;
- Evite alimentos e bebidas que estimulam o ganho de peso;
- Consuma mais alimentos de origem vegetal, como frutas, cereais, hortaliças e grãos integrais;
- Evite carnes processadas (embutidos) e diminua o consumo de carne vermelha;
- Limite o consumo de bebidas alcoólicas;
- Diminua a ingestão de alimentos salgados e de comidas industrializadas com sal;
- Realize consultas periódicas ao seu médico e os exames de rotina recomendados;
- Mulheres com filhos: amamente as crianças, no mínimo, até os seis meses.
Com estes hábitos, estima-se que um terço dos casos de câncer podem ser evitados. E lembre-se de que: quando diagnosticado precocemente, o câncer tem até 90% de chance de cura.
Desafios da medicina em relação ao câncer
A American Society of Clinical Oncology (ASCO) elencou alguns desafios que a medicina tem pela frente no combate ao câncer e na melhor qualidade de vida dos pacientes. Os esforços passam:
- Pelo tratamento: melhorar a resposta dos tratamentos de imunoterapia, aumentar pesquisas com remédios para câncer infantil e trazer os avanços das terapias celulares para os tumores sólidos;
- Pelos cuidados: realizar triagem de pacientes que respondem bem aos tratamentos pós-cirúrgicos, aumentar os cuidados complementares com pacientes idosos e reduzir consequências do tratamento no longo prazo;
- Pela prevenção: diminuir taxas de obesidade e melhorar identificação de lesões pré-malignas (que podem virar tumores).
Além disto, há esforços em melhorar o acesso de pacientes a tratamentos experimentais.
Nesta data vale olhar para os avanços. Mais importante ainda: vale informar-se e melhorar o grau de conscientização de colegas e familiares em relação aos cuidados com a saúde. Deste modo a sociedade contribui para os grandes desafios dos médicos e pesquisadores.